OSVALDO COSTA DE LACERDA - Em 1927, paulista e paulistano, nascia Osvaldo Costa de Lacerda, que viria a tornar-se um dos maiores compositores brasileiros, aclamado pela crítica especializada, respeitado por todos os músicos profissionais de sua geração e posterior, detentor de inúmeros prêmios e honrarias, além de, como professor emérito, estar ativo, acompanhando o sucesso de muitos de seus ex-alunos, hoje profissionais de nomeada, sementes plantadas com carinho, que frutificaram.
Foi apresentado ao universo musical aos 9 anos, estudando piano com bons mestres, destaque para José Kliass, mestre formador de inúmeros pianistas conhecidos internacionalmente. Bolsista nos Estados Unidos, estudou composição com Vittorio Giannini e Aaron Copland, em Tanglewood. Embora valorizando a grande oportunidade, a sua formação e lapidação da personalidade de compositor, deve a Mozart Camargo Guarnieri, o qual considera a maior expressão brasileira na composição erudita. O seu refinado nacionalismo é fruto de extenso conhecimento das características da música brasileira e um sólido domínio das técnicas modernas de composição, herança do mestre acrescida de muito trabalho e pesquisas.
É bastante procurado pela mídia escrita ou falada e TVs, para interessantes entrevistas onde expressa toda a sua experiência e conhecimentos adquiridos, verdadeira enciclopédia que – surpreendentemente- abrange também a verdadeira e boa música popular brasileira, da qual possui numerosa discoteca.
Defensor ferrenho do nacional, com características próprias brasileiras, para ele não importa a roupagem estilística ou harmônica. Em entrevista recente , expressou o seguinte pensamento que deveria servir de norte aos jovens e não tão jovens compositores brasileiros: “Não é verdade que a música seja uma linguagem universal. Na verdade, a linguagem é sempre nacional, podendo ser compreendida universalmente.” E, mais ainda, em outra entrevista, num conselho aos jovens compositores: “Não há o menor sentido em se repetir aqui o que já foi feito milhões de vezes no exterior. Não sejam alienados ao Brasil, voltem-se para ele, para não sermos aplastrados por coisas que vêm de fora e são estranhas à nossa sociedade e à nossa cultura, descaracterizando-as.” Ainda ensinando: “ O que se acostumou a chamar de música universal é antes de mais nada a música européia, ou seja, a chamada universalidade consistiria em que ré maior é ré maior em todo o mundo, ou seja, os meios técnicos para composição, mas a linguagem não.
Como Presidente do Centro de Música Brasileira, o qual fundou em 1984, tem realizado palestras sobre vários temas, ilustradas ao vivo ou com gravações. Pela forma descontraída e pela demonstração incrível de conhecimento musical e grande cultura geral (não nos esqueçamos de que é Bacharel em Direito pela São Francisco USP!!!), vem despertando o interesse cada vez maior tanto de estudiosos da matéria quanto dos diletantes e público em geral.
Muitas laudas seriam necessárias para enumerar o elenco de suas realizações, prêmios (Guarani, APCA etc.), convites honrosos para participar de festivais na Europa e Estados Unidos, gravações de suas obras tanto nacionais como estrangeiras e execuções ao vivo sempre com muito êxito.
Autor de imensa obra para instrumentos-solo, orquestra sinfônica, conjuntos de câmara, canto de câmara, coral, etc., a sua obra pianística é imensa e conta com impecáveis interpretações em concertos de sua esposa, a pianista Eudóxia de Barros, a quem dedicou, em 1992, uma verdadeira obra prima: Cromos (Quadros Musicais para Piano e Orquestra). Alguns críticos consideram as suas canções de câmara -“poesias cantadas,” como diz o autor- o ápice da sua produção, pelo excelente bom gosto na escolha dos textos e finura de inspiração musical, transparecendo uma grande sensibilidade artística.
Desde que completou 80 anos, sempre trabalhando e produzindo muito, tem sido alvo de muitas demonstrações de carinho do público e frequentemente entrevistado pela Rádio Cultura FM,TV Cultura e vários jornais e revistas de todo o Brasil, com destaque para a Revista Concerto, de São Paulo. Recebeu também importante e consagradora homenagem da Academia Brasileira de Música, da qual é membro, ocupante da Cadeira nº 9.
Por Helena Marcondes Machado
Foi apresentado ao universo musical aos 9 anos, estudando piano com bons mestres, destaque para José Kliass, mestre formador de inúmeros pianistas conhecidos internacionalmente. Bolsista nos Estados Unidos, estudou composição com Vittorio Giannini e Aaron Copland, em Tanglewood. Embora valorizando a grande oportunidade, a sua formação e lapidação da personalidade de compositor, deve a Mozart Camargo Guarnieri, o qual considera a maior expressão brasileira na composição erudita. O seu refinado nacionalismo é fruto de extenso conhecimento das características da música brasileira e um sólido domínio das técnicas modernas de composição, herança do mestre acrescida de muito trabalho e pesquisas.
É bastante procurado pela mídia escrita ou falada e TVs, para interessantes entrevistas onde expressa toda a sua experiência e conhecimentos adquiridos, verdadeira enciclopédia que – surpreendentemente- abrange também a verdadeira e boa música popular brasileira, da qual possui numerosa discoteca.
Defensor ferrenho do nacional, com características próprias brasileiras, para ele não importa a roupagem estilística ou harmônica. Em entrevista recente , expressou o seguinte pensamento que deveria servir de norte aos jovens e não tão jovens compositores brasileiros: “Não é verdade que a música seja uma linguagem universal. Na verdade, a linguagem é sempre nacional, podendo ser compreendida universalmente.” E, mais ainda, em outra entrevista, num conselho aos jovens compositores: “Não há o menor sentido em se repetir aqui o que já foi feito milhões de vezes no exterior. Não sejam alienados ao Brasil, voltem-se para ele, para não sermos aplastrados por coisas que vêm de fora e são estranhas à nossa sociedade e à nossa cultura, descaracterizando-as.” Ainda ensinando: “ O que se acostumou a chamar de música universal é antes de mais nada a música européia, ou seja, a chamada universalidade consistiria em que ré maior é ré maior em todo o mundo, ou seja, os meios técnicos para composição, mas a linguagem não.
Como Presidente do Centro de Música Brasileira, o qual fundou em 1984, tem realizado palestras sobre vários temas, ilustradas ao vivo ou com gravações. Pela forma descontraída e pela demonstração incrível de conhecimento musical e grande cultura geral (não nos esqueçamos de que é Bacharel em Direito pela São Francisco USP!!!), vem despertando o interesse cada vez maior tanto de estudiosos da matéria quanto dos diletantes e público em geral.
Muitas laudas seriam necessárias para enumerar o elenco de suas realizações, prêmios (Guarani, APCA etc.), convites honrosos para participar de festivais na Europa e Estados Unidos, gravações de suas obras tanto nacionais como estrangeiras e execuções ao vivo sempre com muito êxito.
Autor de imensa obra para instrumentos-solo, orquestra sinfônica, conjuntos de câmara, canto de câmara, coral, etc., a sua obra pianística é imensa e conta com impecáveis interpretações em concertos de sua esposa, a pianista Eudóxia de Barros, a quem dedicou, em 1992, uma verdadeira obra prima: Cromos (Quadros Musicais para Piano e Orquestra). Alguns críticos consideram as suas canções de câmara -“poesias cantadas,” como diz o autor- o ápice da sua produção, pelo excelente bom gosto na escolha dos textos e finura de inspiração musical, transparecendo uma grande sensibilidade artística.
Desde que completou 80 anos, sempre trabalhando e produzindo muito, tem sido alvo de muitas demonstrações de carinho do público e frequentemente entrevistado pela Rádio Cultura FM,TV Cultura e vários jornais e revistas de todo o Brasil, com destaque para a Revista Concerto, de São Paulo. Recebeu também importante e consagradora homenagem da Academia Brasileira de Música, da qual é membro, ocupante da Cadeira nº 9.
Por Helena Marcondes Machado
O grande e saudoso maestro Eleazar de Carvalho vaticinou o futuro desta grande pianista quando ela despontava - aos 16 anos!!! - na vida musical brasileira, com as seguintes palavras: - "Certo de que a Srta. Eudóxia de Campos Barros será, dentro de muito pouco, a pianista brasileira de maior aceitação, deixo aqui os meus cumprimentos pela brilhante execução do Concerto de Villa-Lobos". Palavras essas vindas de um maestro exigentíssimo e habituado a lidar com grandes solistas internacionais! Dali em diante, a artista só fez lapidar o brilhante puro com que Deus a presenteou: o seu imenso talento. Impôs-se uma disciplina férrea, trabalhou muito e conheceu escolas diferentes, extraindo-lhes o melhor e descartando obviedades. No dizer do crítico Carlos Vergueiro, ainda na década de 70, àquela altura da carreira, ela não mais necessitava de apresentações, com quem estudou, o que estudou e por onde andou, pois já era uma artista completa, lutando pela ingrata e difícil posição que escolheu ou que a vida escolheu para ela: ser uma pianista. Eudóxia percorreu Europa e Américas, colecionando "curriculum" invejável e críticas maravilhosas em muitos idiomas, dentre elas várias do saudoso brasileiro José da Veiga Oliveira, que a colocava "prima inter pares" das pianistas brasileiras da sua geração. Apresentou-se nos mais longinquos rincões deste nosso Brasil, que ela ama verdadeiramente. Hoje, em seu auge técnico e artístico, poucos de sua geração podem ombrear com a sua bagagem de conhecimentos adquiridos com garra, labor e amor incondicional ao piano. Não decepcionou, pois, o seu profeta. Tornou-se um nome conhecidíssimo, mesmo por pessoas leigas e, indelevelmente ligado a Ernesto Nazareth, a quem respeitou e gravou obras na escrita original, restaurando-lhe o devido valor musical. Seu repertório internacional é vasto, porém é vastíssimo o número de composições brasileiras de todas as épocas e estilos que domina. Sabiamente, não deita sobre os louros. Apesar de haver estudado com os maiores nomes do ensino pianístico no Brasil e Exterior - para citar apenas como exemplo Guilherme Halfeld Fontainha, no Brasil - vale-se dos preciosos conselhos do compositor e professor Osvaldo Lacerda, seu marido, o qual dirige um enfoque específico para sonoridade, análise minuciosa das obras que aborda e um profundo respeito pelos textos dos compositores, razão pela qual é considerada sua melhor intérprete. Não bastasse, Eudóxia possui a inquietude dos exigentes e está sempre à procura de maior crescimento - a humildade que caracteriza os grandes! - Assim, ultimamente, após preparar o seu programa anual, leva-o à apreciação do insigne maestro Henrique Morelembaum, um dos nossos maiores da atualidade, conhecido e respeitado pela sua extraordinária acuidade auditiva musical e exigência nos fraseados, além de grande autoridade em Música como um todo.
É fundadora e Vice-Presidente do Centro de Música Brasileira e acumula muitos prêmios e honrarias tais como APCA, FUNARTE, no Brasil e North Carolina Symphony, nos EUA. É imortal pela Academia Brasileira de Música e membro de diversas entidades. Solista de orquestras estrangeiras e das mais importantes nacionais, atua sob regência de grandes maestros. Gravou muitos LPs, CDs e um recente DVD. Sua figura meiga e bonita está sempre presente em programas de TV e Rádio; e a Rádio Cultura FM (talvez a única paulista a transmitir somente música erudita) vem transmitindo suas gravações com maior frequência, reconhecendo o seu grande valor. Na área do magistério, faz parte de bancas julgadoras de concursos pelo Brasil afora e transfere seus conhecimentos a privilegiados alunos, em meio às inúmeras viagens. Conseguiu ainda escrever um livro - "Técnica Pianística", o qual traz, a título de prefácio, uma carta de estímulo, da qual transcrevemos um trecho e, ao final, a assinatura do missivista: - "Você tem muita autoridade para escrever um livro destinado aos que se iniciam na luta pela aquisição de conhecimentos básicos da técnica pianística, pois passou toda uma existência estudando e executando as mais complexas páginas do repertório do piano, tanto nacional como internacional. Sua vivência como pianista, que venceu galhardamente mil e uma dificuldades para atingir a culminância de sua carreira, empresta-lhe a indispensável autoridade para indicar aos jovens o caminho a seguir." Assinado, M. CAMARGO GUARNIERI". E ele, se ainda estivesse entre nós, continuaria muito feliz ao ouvir as suas obras pela sua mais fiel intérprete.
Esta grande artista, orgulho dos paulistas, ao contrário de tantos, optou por viver no Brasil, embora ciente de todas as nossas limitações e dificuldades nas áreas culturais, muitas vezes regidas por políticos não voltados para as artes. Nunca aceitou bater asas para fixar-se no estrangeiro em nome da carreira com moedas mais fortes. E nós, brasileiros que também amamos a nossa terra, sempre lhe seremos gratos.
( por Helena Marcondes Machado )
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